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Mendigo na feira

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Estávamos em um bar rindo e olhando as garotas passarem. Um mendigo passou, mas ele resolveu dar meia-volta e parou diante de nós. Meio capenga, movia-se ao som da música nos fazendo rir. Ele pediu uma dose de cachaça e ficou porali.

O dono do bar amarrou logo a cara em alguma parte do bar onde era impossível de ser visto.  Ele se aproximou, pegou-lhe pelo braço e o pôs para fora feito cão sarnento.

No outro lado da rua as bolsas iam e viam. O pirata, com seu som estridente, tocava uma brega. Movido pela música, o mendigo dançava com uma parceira invisível, fora de ritmo; expondo um riso cariado. Algumas pessoas riram, outras o desprezavam, enxotando-o. 

Depois das risadas e do desdém, a esmola veio de costume: magra, áspera, fria, vazia; tornada apenas um hábito por causa das ideias cristãs. E ele seguia seu caminho abraçado com Dionísio, escárnio e ruindade.

 
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Ron Perlim ESCRITO POR Ron Perlim Escritor
Porto Real do Colégio - AL

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Comentários

Nádia Dias
Nádia Dias

Em geral, Dionísio é um pequeno deus cruel. Tolerado e festejado nos ricos, fonte de escárnio dos pobres. Como diria Mestre Jorge Amado: "Alegria se conserva em champanha; cachaça só consola desgraça, quando consola." É isso ai, poeta, o mundo é assim mesmo.

Ron Perlim
Ron Perlim

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