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Poema de botequim

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Só uma gelada,
Pra me fazer sorrir,
Me jogar contra dúvidas
E problemas,
E dos casos e dos acasos que me afagam,
Das respostas contrárias ás minhas perguntas,
Das desilusões que me acompanham,
Dos sofrimentos que me perturbam.

Viro e mexo
Quando me vejo,
Já estou lá,
No grande bar da curva
Que só me distrai,
Que só me sacode,
Que só me energiza,
Que só me humaniza.

Ah! Se a gelada fosse remédio...
Nada seria mistério,
Tudo seria mais eterno.

Ah! Se o bar fosse hospital...
Meu Deus! A vida seria imortal...
E o hospital mais banal.

Ah! Se o efeito da minha gelada...
Durasse para sempre,
Em pleno ecstasy,
Em plena fantasia,
Em plena ousadia,
Que maravilha seria!

Não sofreria pelo amor que tive
E até por aquele que eu não tive.
Reclamaria menos da vida
E ainda ousaria mais a cada saída.

Mas tenho que confessar:
Amo a mesa de um bar,
Mas foi preciso perder um amor,
Sentir intensamente a dor,
Para perceber seu valor.
Foi preciso derramar meu sangue,
Chorar baldes de lágrimas,
Sentir o meu rosto de porrada
E ser sacaneada,
Para aprender a melodia da gelada.

Com licença...
Estou chorando...
Me lembrei da perda do meu namorado,
Aquele desgraçado,
Me abandonou,
Na verdade ele nunca me amou.
Com licença de novo...
Eu poderia contar minha história,
Mas é que no momento estou nervosa,
Então preciso ir embora,
Para aquele imã que me atrai,
Mas que já é minha casa.
Tchau... vou pensar
Tomando minha gelada
Na mesa de um bar.

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Mariane Rodrigues ESCRITO POR Mariane Rodrigues Escritora
Maceió - AL

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Comentários

RENÉ CAMBRAIA
RENÉ CAMBRAIA

Heheheheh!!! É um caso para Siegmund Freud!!!!!! Texto lindo, de expectativas e de simbologias. Parabéns. bj.