Sinais
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Sinais são aqueles pingos de chuva que caem no chão e que aos poucos vão formando círculos na areia. Sinal é um olhar, um toque, um sorriso de cantinho, um carinho meio sem jeito. É quando você diz que vai ficar sem que nenhuma palavra clara sobre isso saia de sua boca. É quando seu coração acelera e você tenta fingir que isso não está acontecendo. É quando seus olhos ficam meio perdidos enquanto você conversa, ou quando de repente, sem notar, ficam fixos por intermináveis cinco segundos. Às vezes a negação é maior e você acha que consegue controlar as mãos, o palpitar, a respiração. No fundo você sabe o que está acontecendo. No fundo você entende o que insiste em minimizar.
Você está ali – na verdade mais do que esperava – e finge não estar. Ali está todo o seu descontrole no qual até consegue evitar a transparência (às vezes).
Acontece lentamente e rápido demais. Sinais são singelos ao mesmo tempo em que são perceptíveis. São claros, ditos, falados, escritos, diretos. São discretos, sentidos, ouvidos, desviados. Perceba, ceda. Feche os olhos e ouça. Há um barulho de chuva lá fora. Há um barulho aí dentro.
Comentários
Verdade absoluta! Cabe a nós enxergarmos os sinais...bela crônica! Parabéns!
Obrigada, Lis! :*