Programadomar
Onde andam as janelas
Da casa que não te abriga
Do chão que não te acolhe
Nunca, noites esquecidas
Onde andam as portas
Nem abrem e fecham-se tortas
Não trancam ou destravam
Estavam estáticas, mórbidas
Os telhados assoreados, onde andam
Os pássaros, onde cantam
Migalhas, não mais vêm buscar aterrorizados pelo silêncio
Um futuro impresvisível
Por um mar programado
Ondas te achariam
Se não fosse a tua dor me arrastado
Não é apenas o não sonhar
Nunca o Sertão irá virar mar
Enquanto houver tenebroso chão
E pra quem teme a escuridão
Ver o olhar de quem não pode, ofegante, navegar
(Poema dedicado às pessoas atingidas pela enchente da região do agreste alagoano, julho de 2010, e aos grupos de estudo que se dedicaram exclusivamente ao tema, sob a orientação do professor Cláudio Jorge Gomes de Morais)
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