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Eterno

Eu te dei tudo o que eu tinha: meus sonhos, minha alma, meu coração, minhas esperanças e fiz de você a fonte da minha felicidade. Eu teria sido seu por toda a eternidade, bastaria que você houvesse ficado aqui ao meu lado; bastaria que você houvesse feito um sinal e eu teria permanecidoE em meio há tantos bastarias que dissemos o único que nos faltou foi o que mais falta fez: bastaria que você houvesse me amado ou pelo menos mentido dizendo me amar.
 
É, eteria te olhado de um jeito apaixonado todas as manhãs e quando acordássemos estaria escrito em todo o meu ser o quanto eu te amava. Nós teríamos um ao outro ao anoitecer para enfrentar a escuridão e a solidão que a lua e as estrelas trazem com elas. Mas então o tempo passou.
 
Passou e nós dois nos calamos. Passou e eu fiquei aqui vendo você continuar a caminhar sem se dar conta de que eu já não andava mais ao seu lado. Você não percebia que eu ficava cada vez mais longe de ti e por não saber o que você queria te dei o que achava necessário: liberdade.
 
Foi justamente ela quem te fez perceber que meu amor já não era necessário. Posso precisar o momento em que me dei conta de que você não mais iria regressar e desesperado nada fiz para te impedir de avançar. E o tempo voltou a passar. 
 
Segundos, minutos, horas e o que eu achei que nunca iria conseguir aconteceu: esqueci, ou melhor, te guardei e te transformei numa linda  recordação. Minha recordação primaveril. Doce, colorida, suave como as primeiras flores que nascem após o rigoroso inverno, assim são minhas lembranças contigo. 
 
Eu consegui superar o amor ‘infinito’ que tinha por você e o transformei em momentos eternos. Ninguém pode ensinar alguém a lembrar ou a esquecer - é coisa que só se aprende com o tempo - e para o amor não existe melhor professor. Pois só o tempo é quem diz quantas dessas histórias irão durar eternamente.
 
Irei um dia aos meus netos contar a nossa história de amor. A história de uma menina que queria ser amada e de um menino que não soube dar o que ela mais precisava. Ouvi-los-ei me dizendo que não repetirão nossos erros e da janela do meu quarto os verei caminhando na mesma direção.
 
Nossa música será o pano de fundo das confissões que deles escutarei e o dia em que os consolarei por terem seu amor findado será igual aquele longínquo amanhecer cinzento em que nós dois dissemos adeus.
 
Dos meus netos ouvirei as palavras que um dia da minha boca saíram: “É um erro achar que tudo dura para sempre e se acomodar, pois para fazer o amor durar é necessário renová-lo a cada entardecer.”
 
E ainda assim saberei que nenhuma história nossa poderia ter final. Pois mesmo que eu continuasse a te esquecer, a morte roubaria meu último sopro antes que eu pudesse dizer: já posso viver sem você.
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IORGAMA PORCELY ESCRITO POR IORGAMA PORCELY Escritora
São Leopoldo - RS

Membro desde Abril de 2010

Comentários

Leonardo Bomfim
Leonardo Bomfim

Uau! Que profundo! Bastante comovente... Adoro o estilo e a versatilidade com que escreves teus textos. Parabéns!