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ENGENHOS E HISTÓRIAS

ENGENHOS E HISTÓRIAS

 O investimento inicial para a montagem do engenho era bastante alto. O proprietário tinha que adquirir as instalações na Europa, comprar escravos, fazer as construções e limpar a mata para o plantio da cana.

 No engenho havia:

A CASA GRANDE, residência do senhor de engenho, sua família e agregados;

A SENZALA, habitação dos escravos, próxima à casa-grande. Era formada por um ou mais cômodos, janelas com grades e uma porta;

A CAPELA, anexo a casa-grande, congregava os habitantes do engenho nas cerimônias religiosas.

As plantações de cana, ocupavam a maior parte da grande propriedade rural. Após dezoito meses do plantio, os escravos colhiam a cana e a amarravam em feixes, que eram transportados em barcos ou em carros de bois até a moenda.

Na moenda, a cana era lavada e moída para a extração do caldo. Em seguida, esse caldo era levado para as caldeiras, onde era fervido em tachos de cobre até transformar-se em melaço.

O melaço era encaminhado para a casa de purgar e colocado em fôrmas de barro com o formato de sino. Após aproximadamente quinze dias, o melaço endurecido era retirado das fôrmas e, divido o seu formato, recebia o nome de pão-de-açúcar, estava pronto o açúcar mascavo, de cor dourada.

Os pães de açúcar eram quebrados em pequenos torrões que, depois de bem secos, eram encaixotados. As caixas eram transportadas para os portos, através do rio São Miguel, de onde seriam exportadas para Europa.

Da cana também extraia a aguardente, mas a produção era insignificante.

Sabemos que toda área alagoana ao sul do Rio São Miguel, existia engenhos de açúcar. Dos Rochas encontra noticias da sua presença do rio São Miguel, no começo do século XVII, em correspondência do rei para o governador Dom Diogo Botelho, por carta de 30 de agosto de 1606, fica-se sabendo que João da Rocha e Sebastião da Rocha, naturais de Viana, viviam em São Miguel.

O engenho São Miguel, pertencente a Marten Meyendersen, fora antes de Antônio Barbalho Feio. Não moía e com certeza estava arruinado e o mais antigo engenho do vale de São Miguel, onde floresceu depois, a lavoura canavieira com fundação de novos e importantes engenhos. Este São Miguel é o mesmo engenho Sinimbu ou Sinimby, com que apareceu em outras referências, contém mesmo sentido inclusive no mapa de Gaspar Barleus e Vingboons “edição holandesa”, em que tanto o rio como o engenho trás o nome de Sinimby.

O papel do engenho Sinimbu na história política das Alagoas foi dos mais importantes e a sua existência esta ligada a ação histórica de Dona Ana Lins, mãe do Visconde de Sinimbu. Os filhos de igualmente nomes regionais: João Lins Viera incorporou Cansanção de Sinimbu, com que se tornaria conhecido na vida pública do império: Senador, ministro de estado, chefe de gabinete; Inácio de Barros Vieira suplementou-se com Cajueiro; Manuel Duarte Ferreira acrescentou Ferro. Várias outras famílias fizeram a mesma coisa.

Em 1817 a Revolução Republicana de Pernambuco, encontrou numa senhora de engenho o seu mais forte esteio nas Alagoas, Dona Ana Lins, mulher de Manuel Vieira Dantas e mãe do futuro Visconde de Sinimbu, fez do seu engenho o grande centro de combate. A cavalo, de engenho em engenho, vencendo léguas sem desânimo, animou os receosos e convenceu os descrentes. Angariando adeptos e aos escravos prometeu alforria para que pegassem em armas como homens livres.

Vencida a resistência republicana pela atividade reacionária do Conde dos Arcos, e nas Alagoas em particular, pela reação do ouvidor Batalha, não perdeu a Senhora do Sinimbu sua crença republicana, nem ela, nem o marido, não ofertou seu idealismo diante da reação surgida. E em 1824, ao lado do marido, vemos ainda a frente dos rebeldes alagoanos.

Vieira Dantas concentrou-se em São Miguel, onde combateu violentamente, vindo entretanto a ser preso, juntamente com seu filho Frederico. No engenho, D. Ana Lins levantou barracas da mais feroz resistência, concentrando os últimos fieis à revolução.

Na casa-grande do Sinimbu, que Craveiro Costa chamou de “essa trincheira da república” combateram os últimos rebeldes até terminar a pólvora e acabar o chumbo. A senhora do engenho dirige a resistência, assiste o incêndio dos seus canaviais e das casas dos moradores, pelas tropas legais. Nada, porém, lhe quebraram a fibra.

Quando as forças da legalidade entraram na casa-grande, “já não haverá homens na última trincheira da república em Alagoas”, Dona Ana Lins garantiu a evasão de sua gente e enfrentou a prisão. Prisão a que foi acompanhada, por pedido seu, de seu filho João então nos seus 14 anos. Mãe e filho foram recolhidos a cadeia da capital.

Mais tarde, anistiada pelos rebeldes e libertada, a Senhora do Sinimbu, é ainda Dona Ana Lins quem assume o encargo de restaurar a sua propriedade. A heróica senhora de engenho enfrentou árduas dificuldades, com a escravaria fugida, os canaviais arrasados, o gado despeço, as casas queimadas. Quando o marido regressou ao lar, livre pela fuga da cadeia do Recife e pela anistia concedida, já encontra o sinimbu em fase de plena restauração, reingressando na sua importância de antes.

São Miguel era conhecida como a cidade Heráldica das Alagoas, expressão escrita por Romeu de Avelar, devido ao grande número de famílias portadoras de títulos na nobiliarquia ali nascida.

Ligados à família sinimbu apareceram outras figuras ilustres interligadas na história dos engenhos alagoanos: seu irmão Manuel Duarte Ferreira Ferro, depois Barão de Jequiá, com grandeza um dos participantes do movimento revolucionário de 1824, e que escapando da prisão, conseguiu arrancar seu pai e outro irmão. O tenente Francisco Frederico Vieira da Rocha.Epaminondas da Rocha Vieira(Barão de São Miguel),quem também foi senhor do engenho Sinimbu. Ana Vieira de Albuquerque Maranhão (a Baronesa de Atalaia), Maria Accioly da Rocha Vieira (Dondon), esposa do Dr. Francisco Duarte, filha de Francisco Frederico e irmão do Barão de São Miguel. Epaminondas da Rocha Vieira recebeu como herança paterna o celebre engenho Sinimbu, vendendo-o depois aos irmãos, João e José César Teixeira. Naquele engenho heráldico funciona hoje a Usina Caeté S/A.

Entre outros bens, legaram aos filhos, Francisco Frederico, o engenho sinimbu, e ao Barão de Jequiá, os engenhos Góes e São Sebastião e ao Visconde de Sinimbu herdou os engenhos Ilha e engenho Novo (o novo Sinimbu).

José Antônio Pereira da Silva, que foi proprietário do engenho Conceição de Sinimbu, em São Miguel dos Campos, onde se retirou para a Bahia com bens e família, vindo depois fixar resistência em Maceió como negociante, foi um útil do progresso local.

 

Outros Engenhos Importantes

O Engenho Tibiriçá pertenceu ao Coronel Francisco Araújo Jatobá (avô do ex-prefeito Nivaldo Jatobá).

O Engenho Prata pertenceu ao comendador Miguel Soares Palmeira, depois passou a pertencer a João Sampaio, onde hoje pertence ao Sr. Miguel Soares Palmeira.

O Engenho do Coité pertenceu ao Coronel José Antônio José da Silva.

O Engenho Conceição pertenceu ao Coronel José Elias Frota de Almeida.

O Engenho Caixacumba pertenceu ao Coronel Antônio Moura Castro.

O Engenho Retiro pertencia ao Coronel Rosendo César de Góis.

O Engenho do Furado pertencia a Moacir Cavalcante de Albuquerque Pessoa.

O Engenho do Varrela pertenceu à ilustre família Rocha Cavalcante. Onde existia uma capela de ingênua beleza, hoje transformado em centro de criação. Quase se modificou em cemitério, cercada por um gradil, os espaços são ocupados com túmulos e monumentos onde são guardados os restos mortais de velhos homens rurais, suas esposas e parentes. Alto cipreste, espirradeiras, árvores diversas completam a paisagem e embeleza o ambiente. Hoje pertence a Usina Caeté S/A.

 

No poço o Zé Elias

No coité o seu Zé Marcos

No sinimbu o seu João César

No Retiro eu não vou

No Prata seu João Sampaio

Lá no sitio do seu Chico

Aqui na rua da ponte

O Coronel Salvador.

 Escravos que escaparam à inquisição republicana

O Mulato José, seu proprietário Moacir Cavalcante de Albuquerque Pessoa, um dos donos do Engenho Furado, desconfiava que ele tinha ido para o riacho fundo de baixo, na palmeira de fora, onde tinha parentes e dali para alcançar a estrada de ferro de Pernambuco com destino a alistar-se como voluntário da pátria.

O Cabra Sabino, fugiu do Engenho Rocha para a capital com o intuito de se oferecer como voluntário. Seu proprietário ao anunciou que pagava bem a quem o prendesse.

Sotério e Benedito Sirinhaem, fugidos do Engenho Varrela, ambos tinham cicatrizes de chicotes, pois foram surrados em 13 de setembro de 1859.Nicolau, fugido do Engenho prata, tinha o rosto descarnado em 21 de outubro de 1858.

Em 1885, as regiões mais açucareiras de Alagoas ficaram assim servidas, desses melhoramentos a construção dos engenhos centrais. Em 1886, havia começado as obras de um terceiro engenho central: “o Cansanção de Sinimbu” em São Miguel dos Campos (atual Usina Cansanção de Sinimbu) hoje pertencente ao município de Jequiá da Praia.

O sonho dos senhores de engenhos era de fundar uma cooperativa de plantadores de cana de São Miguel dos Campos e graça ao empenho de todo este sonho foi realizado. É as usinas hoje são os maiores progressos do nosso município.

 

 

 

 

 

 

 

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Ernande Bezerra ESCRITO POR Ernande Bezerra Escritor
São Miguel dos Campos - AL

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