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analogia

UMA PARTIDA EM MINHA VIDA

 

Sabe uma coisa que me deixa feliz? Um jogo de voleibol. E hoje eu joguei, foi muito bom. Eu dei o meu melhor, o time foi para o quinto set e perdemos numa espécie de prorrogação, mas ao que fui, dei o meu melhor. Joguei em duas posições, atacante de ponta e meio de rede. Posso até ouvir meu pseudo grande amor, por uma dessas redes sociais, dizendo como se orgulha de mim. Ah como estou feliz como esse jogo. Gosto de estar lá na quadra. No entanto hoje eu olhei para as arquibancadas e lembro como joguei triste por alguns minutos por causa de mais um compromisso inadiável dele que o impediu de me ver jogar; senti-me confusa, feito barata tonta. Aquela pequena, feia, que da nojo, mesmo assim o jogo foi bom porque lá eu me sinto no controle da minha vida. Somente lá na quadra eu posso gritar: __SAI DA MINHA FRENTE, A BOLA É MINHA! Entende? Lá na quadra eu mando. Aqui no meu coração não – e falo isso pensando nele – Não posso dizer: __SAI DAÍ, É MEU, EU PEGO! Aqui eu não domino nada. É tenso!

Hoje eu dei uma cotovelada numa jogadora, machucou bem na testa dela, e gostaria de fazer isso aqui também. Sair batendo em tudo que ficasse entre nós dois. Na quadra também posso me jogar. A bola às vezes parece estar tão longe, inalcançável, mas daí eu corro e me jogo, com técnica eu caio no chão, não machuca tanto e eu pego a bola. Melhor ainda é a sensação de dever cumprido, quando vejo que valeu a pena, com toda dor eu me levanto e o ginásio está vibrante. Aqui na minha vida eu vivo querendo me jogar, mas a dor vem antes, daí eu deixo tudo passar por mim, incluindo o amor da minha vida! Pior ainda é a sensação de que poderia ter me jogado e ter ganhado aquela partida. Aquela partida que daria em cinema, sorvete, praia, jogo, música ou beijo. Mas o tempo, assim como uma jogada, duro pouco e não volta. Nem ele voltou!

Só que hoje eu perdi. No último ponto, tentei mesmo, mas perdi. Poxa como eu gostaria de ter feito algo diferente e ter voltado pra casa mais feliz ainda! Entende? É assim que me sinto agora: Perdedora, mesmo feliz com meu desempenho, mesmo sabendo que eu dei o meu melhor para ganhar na quadra e tê-lo aqui, nos dois lugares eu perdi.

Agora estou cuidando do meu joelho, sempre precisa de cuidado depois de um bom jogo. Inchado, roxo, dolorido, bem assim meu coração: disritmado, desentendido, deixado, desenganado. Mas quer saber? Sábado terá outro jogo. Assim é a minha vida, sempre terá outro alguém. E não quero ouvir ninguém me dizer: __Bola pra frente! Vou fazer diferente, escolher melhor as jogadas e as pessoas. Se errar, que seja tentando algo novo. Atacar em lugares diferentes ou nem atacar desde que seja ponto.

Vou dizer: __Fica bem, estou saindo da quadra agora, pois a partida já acabou. No fim do jogo os times se cumprimentam, se parabenizam e saem. Direi: __Foi bom jogar com você, espero que tenha gostado do jogo. Antes que ele não entenda as regras desse jogo em que aparentemente os dois times sofrem, que não há ganhador e sim empate, vou explicar: __ Os dois times entram com o mesmo objetivo, ganhar! Eu sou um time, e você não é o outro time que joga contra mim. A sua vida além de nós é o adversário e nós perdemos.

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Tanne Delamary ESCRITO POR Tanne Delamary Escritora
Maceió - AL

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