Alguém
Conheço alguém, que hoje (novamente), acordou feliz por estar com outro alguém, que segundo ela, é o triplo do sentido da palavra ‘especial’. Que tem alguém que a decifra em todas as suas expressões (olhares, sorrisos, levantar de sobrancelha, palavras curtas...), sabe dos seus medos, dos seus sonhos. Alguém, feito a cama que desejamos quando chegamos cansados em casa. O momento mais confortante do dia, em quem se pode fechar os olhos e respirar aliviado por estar ali, entende? Ela às vezes nem terminava as frases, passava dez segundos para achar a última palavra - quando conseguia -, mas seus olhos concluíam seus pensamentos.
Transparecendo-se serena, tranquila e bem, que nada, absolutamente nada a amedronta – exceto a velocidade dos carros. Contou-me que ter sentimentos, não é sorrir todos os dias, até ela já quis desistir, achava que não seria tão difícil relacionar-se com esse alguém triplamente especial. E era triplamente complicado, mas mesmo assim não foi embora, não foram, permaneceram. Foi a melhor coisa de sua vida. Agora conta que sabe, realmente, distinguir cada sentimento, raiva (mesmo!), ciúme (mesmo!), paixão (mesmo!), amor (de verdade!). Cada um, cada centímetro de diferença entre eles e todas as semelhanças. E a não falar mais como clichê que precisamos saber o que verdadeiramente nos importa. Ela sabe! Talvez você pense que tem conhecimento do que estou falando, até encontrar alguém que te faça ter a sabedoria de perceber que não sabia.
De tão coração era o que ela narrava, que eu somente ouvia uma voz, ou apenas a voz que não saia. E resolvi levantar da cama.
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