Nós e eles num jantar a luz de altas chamas
O que eles estão fazendo com tantas carnes nas mãos? Vejo seus olhos cheios de lágrimas e suas bocas que não param de mastigar o que nós não comemos. São iguais à nós, são como nós e ao mesmo tempo algo me diz que são na verdade muito diferentes de nós.
Eles têm nossa ambição, mas usam armas que não usamos, andam quando dormimos e dormem quando acordamos. Usam fogo todos os dias e quando precisam de comida vão procurar por lugares que nós não vamos.
O jantar acontece quando todos estão reunidos, dessa forma há uma diferença pouco acentuada entre nós e eles. Temos nosso jantar e também nossas reuniões, mas há uma diferença, eles não falam enquanto comem e nós nunca paramos de falar no momento que devemos ficar calados.
Onde eles se divertem? Há diversão do outro lado? A impaciência não é fruto do acaso para nós, o tédio não é existente para eles.
Mas, de quem estamos falando? Deles ou de nós? Aquelas lágrimas não são de tristeza, o oposto disso nem é preciso ser falado. Você sabe muito bem que tem seus defeitos e eles sabem melhor do que nós que também têm grandes defeitos.
Numa visão prejudicial talvez você se veja no espelho dos muros artísticos e não queira admitir seus maiores defeitos.
Mas eles sabem que são cruéis e não acham que tenham uma segunda opção. Nós temos mil motivos que montam um, eles têm mil motivos que não os levam a lugar algum. Sem luz não há caminho iluminado, mas sem amor não existe nenhum caminho para seguir.
A diferença extrema entre nós e eles é que não somos unidos na refeição do meio-dia e eles se juntam e jamais se separam. Assim não podemos acusar alguém que sempre tem um ponto positivo e ninguém pode julgar aquilo que se destaca no meio da multidão.
Mas nós nos amamos uns aos outros, eles... Eles jamais saberão o que é proteger seu próximo. Jamais saberão o que é ter amor e não jogar seus bens mais preciosos aos “porcos demoníacos”
1 mil visualizações •
Comentários