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E Essas Lembranças?

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Ah!! Aí você me vem na memória, aquele abraço apertado, abraço de urso, gostoso, protetor. Aquela mesa redonda de madeira, com aquela toalha florida, ali tinha todas as comidas que eu mais gostava, mas que o que eu mais gostava mesmo era você lá, comigo, atenta para não deixar que eu engasgasse, para limpar minha roupinha quando sujasse, ou até com medo que eu me queimasse com aquele seu café gostoso que você coava naquele paninho marrom. É, lembro cada detalhe, cada roupa sua, seu cheiro de quando saia da lavanderia, seu cheiro de quando terminava de varrer o terraço, seu cheiro de quando estava me levando para a igreja nos sábados a noite. Lembro seu olhar de aflição nos meus dias febrios, dias em que eu chorava sem parar e você não sabia o motivo, e que muitas vezes você acabava chorando comigo de tanta agonia.

Fui crescendo e, você continuava ali, me acompanhando, cada passo. Então chegou a época da escola, eu chorava para que você não me deixasse na escola, mas não era porque não queria estudar, era medo de ficar sozinha, sem sua proteção, e era só isso que eu queria que você entendesse naquele momento. Mas, lá você me deixava, era tudo tão estranho e não vinha outra pessoa na minha mente a não ser você, a minha grande protetora, aquela que me olhava com de um jeito que eu não conseguia interpretar.

E o tempo passou, cresci, fiquei uma mocinha, e comecei a enxergar outro mundo, o tempo foi passando e, era como se existisse uma necessidade de nos afastarmos, eu estava ficando adulta, e precisava cuidar de mim, pensava em construir minha família, assim como você fez. E, foi justamente isso que aconteceu, começamos a nos distanciar, eu tinha muitos amigos, muitas vontades, tinha na verdade duas asas enormes e queria voar, explorar tudo aquilo que não explorei quando estava sob sua proteção.

E o que restou? restou as lembranças, estas que saem lá do fundo da memória, essas que se eu pudesse voltar atrás, dentre elas colocaria um "eu te amo", colocaria também "você é minha razão de viver", e colocaria também "tenho orgulho de ser seu(sua) filho(a)". É, foram essas aspas que não utilizei quando te tive por perto, eu que pensava que uma ligação, uma atenção, uma conversa, resumiria todo amor que sinto por ti e, hoje sei que não, que o triplo dessas aspas ainda não seriam suficientes para te cubrir com todo o meu amor e, finalmente passei a entender aquele seu olhar, era o olhar de mãe, o olhar de amor, o amor incondicional. E, mesmo assim, mesmo você não estanto presente em corpo, te sinto tao perto em alma, aqui dentro, bem no fundo do meu coração, num espaço onde só existe o amor.

Essas lembranças, faço questão de tê-las todos os dias, para que permaneças viva, aqui comigo. E, para servir de exemplo a ser praticado com todos as outras pessoas que fisicamente continuam ao meu lado.

 

By: G.S.

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Genisselle Silva ESCRITO POR Genisselle Silva Escritora
Maceió - AL

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