ÉTICA NA POLÍTICA
ÉTICA NA POLÍTICA
Às vezes tem-se a impressão de que, por afirmarmos que os políticos são corruptos (não todos), nós também seriamos. Teríamos os mesmos contravalores (oportunismo, desonestidade e apropriação das finanças públicas). Em poucas palavras: todos queríamos as mesmas coisas: coisas prejudiciais ao bem comum.
De fato, tudo se corrompe ao mesmo tempo, seja por imitação, ausência de idéia de cidadania ou por desejo de equiparar-se aos grandes (ladrões). Se os políticos profissionais (grandes empresários também, nunca esquecer deles) agridem a cidadania (comunidade de direitos e deveres), o bem coletivo, então nós também nos corrompemos, seja por contágio ou por outro motivo e, nesse caso, somos todos moralmente culpados porque destruirmos os valores sociais e, é claro, os valores pessoais, isto é, da dignidade humana. Sob este aspecto estamos todos manchados. Mas não somos todos corruptos.
A Corrupção
Agora, a corrupção é uma questão referente à coisa pública. Quero ressaltar bem isso: é quando se rouba o dinheiro público. O direito à saúde, à educação, à alimentação, à habitação e os direitos humanos em geral. O restante seria desonestidade pessoal, vida familiar não íntegra.
Erramos quando confundimos as duas coisas. Vou dar um exemplo: um jovem roubou um carro, pegou prisão, regenerou-se e hoje é ótimo prefeito. É que agora ele deve ser julgado, pelos eleitores, por um trabalho excelente que faz na prefeitura e não pelos erros que cometeu no passado em sua vida particular. Portanto, deve-se fazer uma distinção entre vida púbica e vida particular. São duas coisas diferentes. O ideal, é claro, seria que coincidissem numa pessoa honesta por inteiro e não só em relação à coisa pública.
No Brasil porém, nossa sociedade vive mais ou menos fora da lei. Os banqueiros ao obedecem à lei (formam máfia), os grandes empresários e os marginais também. Resta a classe média. Porque é assalariada e não pode fugir, por exemplo, aos impostos. Mas, com isso, de certa forma, todos somos sem lei, e sem direção (anônimos e anômalos), até porque os próprios agentes da lei formalizam essa forma de viver (advogados, juízes etc.), indicando, indiretamente, que toda a sociedade é culpada e que não há mais jeito.
Exigir ética
Temos, é verdade, movimentos em torno da exigência da ética e da lei (seu retorno), se é que já vivemos sob esses signos no passado.
A democracia, por sua essência, exige o fim da corrupção. Porque democracia não é arbítrio, mas responsabilidade dos cidadãos. E ai entram todos: empresários, políticos e outras corporações, mas, sobretudo, a grande população.
Mas o diabo é que no Brasil a corrupção não é mas roubo, mas um sistema de poder. É um regime político no qual as pessoas honestas se sentem “puxadas” para o outro lado. Esta é a segunda grande questão.
Agora, de fato, o grande desejo do povo brasileiro é que os políticos (e os empresários, que pagam os políticos em suas campanhas), cuidassem melhor do nosso dinheiro (impostos sobre todos os alimentos, salários etc.) e que não apropriassem destes bens. São nossos.
Logo, temos que canalizar nossa indignação para esse lado: os políticos não podem se apropriar do que é nosso (pagamos com nosso dinheiro, pais, avós etc.), os empresários (grandes) ao podem pagar campanha de maus políticos e assim por diante.
Isso não pode significar aversão à política. Não podem significar “os políticos são maus e, portanto, não voto mais”. Não, pelo contrário, devemos ver a realidade como ela é e tomar uma posição que faça cair do cavalo os maus empresários e os maus políticos. Esse é o nosso passo que devemos dar, em meu entender. Descrer de tudo só ajuda os maus políticos.
E, de fato, a revolução que podemos fazer e essa: evitar que maus elementos se apropriem do Estado. Por quê? Porque o Estado é nosso.
Essas são as duas idéias do artigo: não somos todos corruptos e que devemos lutar contra a apropriação privada do Estado, por parte de políticos e empresários corruptos.
O que nós temos (e nos causa problemas) é a corrupção do regime político ajudado pelo poder empresarial.
Marcos Tabbica
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