QUEM SABE A GENTE SE ENCONTRE
Numa dessas esquinas sem graça quem sabe a gente se encontre. Num desses bancos de praça dessa cidade que não tem praças nem bancos, quem sabe a gente se encontre. Numa dessas vielas escuras com a fumaça pesada de um céu de domingo, quem sabe a gente se encontre. Quem sabe se eu for dar um passeio na praia, lá naquela rua pertinho do seu prédio e for comprar algodão-doce a gente se esbarre, se mele e finalmente, que a gente se encontre. E se eu sem querer derrubar uns papeis na calçada da tua escola, teu cavelheirismo me ajude a apanhá-los e a gente se encontre. Se finalmente você errar o número de alguém por mero costume de discar o meu, eu diga um alô, a gente sorria e sei lá, que a gente se encontre. Num desses shows de covers das nossas bandas favoritas, quem sabe você me abrace na emoção de uma música, descubra que a estranha nos seus braços sou eu (pela familiaridade do cheiro) e a gente se encontre.
Eu penso que há um desajuste em não te rever, nem te procurar, mas principalmente em você não ligar nem vir aqui me ver. Penso que há uma orbitação fora do prumo, porque os nossos rumos se encontram e a gente nada. Porque os meus rios desembocam nos seus mares e mesmo vizinhos você não aparece, a gente não se cruza. Uma ligação só, meu bem. Só pra você esbravejar sobre meu jeito mandão de te amar ou pra ficar em silêncio e quem sabe, no silêncio, a gente se encontre.
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