PERSISTIR
Essa coisa de persistir é tão mais difícil do que parece. Grita uma voz na minha mente: não insista! E sussurra o meu coração: mas não desista. Fico sem saber o que fazer. Como se, diferente do que me contaram, não houvesse destino algum me esperando lá fora se eu não levantar já dessa cama e for verificar quantos dias se passaram. Como se nenhum cinema vazio ou teatro lotado fossem me preencher de novo. Como se nenhum daquelas mocinhas bonitas que beijam um príncipe antes dos créditos tomarem a tela fosse ser eu um dia. Aí eu sento na varanda e fico esperando alguma coisa boa acontecer. Alguém chegar. Nem que seja o carteiro com um convite esquisito entre os dedos. Qualquer coisa que na sua infinitude de possibilidades finalmente me surpreenda. O café esfria e ninguém aparece, nada acontece, só mais um pôr-do-sol atrapalhando minha visão do horizonte. Mas todos os dias eu volto com a mesma xícara de porcelana nas mãos. Esperando alguma coisa que não fique sambando embaixo dos meus pés nem fugindo do meu controle. Que me passe segurança. Uma segurança tão boa e tão firme que eu possa chamar de paz.
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