Curiosidades de Liberdade Minas Gerais.
A crônica que passo a contar, é uma daquelas que todos pensam que só acontece em histórias fictícias das mentes brilhantes de grandes escritores.
Mas a realidade muitas vezes se confunde com as histórias e romances, pois na década de oitenta para noventa se não me engano, eu estava em plena mocidade em busca de aventuras, amores e descobertas, e este espírito de descobertas e a necessidade de me encontrar na sociedade, me levava a caminhos alegres, tristes, ou simplesmente curiosos.
Na época em questão, sempre eu estava no meio de festas em busca de conquistas e paqueras, mesmo sendo meio prematuro para namoricos, pois eu deveria ter meus quinze anos de idade.
Lembro que naquela idade eu já trabalhava para ajudar meus pais, no entanto o serviço nunca me fez triste ou perder boas festas, ao contrário, me pôs no caminho correto da responsabilidade e do crescimento como Homem.
E foi neste meio que cresci, no meio de pessoas mais adultas e envolvidas socialmente com o bem estar e o crescimento de minha cidade natal, Liberdade.
Mas o fato relevante dessa história é que estávamos passando por um período eleitoral na época, período este que meu pai já estava envolvido com pleitos eleitorais, pois minha família toda de uma forma ou de outra sempre esteve no meio público.
Na época as eleições eram envolvidas por movimentos de panfletagem em muros, postes de energia elétrica, ou qualquer outro lugar que pudessem ser colados a foto de um candidato. Para os mais jovens que não viveram nesta época, digo que não perderam nada sobre este tipo de campanha, pois a cidade ficava suja e os poste imundos por uma poluição visual que levavam meses para sumir.
Tinham também os comícios, estes sim, valiam a pena ver e presenciar, pois eram grandiosos showmícios, com churrasco para todos na rua, muita bebida boa e grandes shows de artistas famosos e outros nem tanto assim.
Foi exatamente por causa destes showmícios que a história não sai da minha memória, e nem daqueles que presenciaram o acontecimento.
A campanha era para o candidato “Ronan. D.” e o dia estava festivo, com uma tarde alegre e um céu espetacular, não havia uma nuvem sobre o celeste do firmamento, estava tudo agradável, e eu...
Lá estava eu preparando para ir à rua, pois como foi anunciado durante a semana inteira era o show de uma dupla de cantores que nunca havia ouvido sequer falar, mas que mal tinha, era de graça mesmo.
Como estava trabalhando na labuta da roça não pude aproveitar a festa durante o dia, nem mesmo conhecer pessoalmente os cantores. Entretanto os organizadores do evento pediram para meu tio e meu irmão caçula para acompanharem os cantores na cidade, um forma de segurança e guia turístico dos dois, como se em nossa cidade precisasse deste serviço para dois desconhecidos.
Os dois eram de uma simplicidade enorme, parecia gente do povão, um era o focinho do outro a não ser pelos olhos verdes que o mais tímido tinha. Também, eram irmãos tinham mais que serem iguais mesmos.
Ao descer pela rua eu me deparei com eles e eu como uma pessoa do povo, lhes cumprimentei e mexi com meu irmão.
“___Tá chique hein? Fiquei sabendo que virou guarda-costas dos cantores, mas onde eles estão?”
Foi aí que fiquei conhecendo os cantores meninos, pois pareciam ser um pouco só mais velho que eu. Com uma conversa descontraída e outra, entrei no assunto se eles não iriam descansar um pouco antes do show, pois passar a vida viajando deveria ser muito cansativa.
O mais novo dos cantores falou que realmente eles estavam cansados, e que o mais velhos estava cochilando no sofá da casa de um político da cidade, mas foi acordado com um tapinha no ombro e solicitaram a eles que saíssem da casa naquele momento, pois o anfitrião deles iria receber um deputado famoso e os dois não podiam estar entre eles.
Assim eles humildemente fizeram. Foram para a rua andar em busca do nada, porém o mais novo estava furioso pelo fato de ter acordado o irmão mais velho. Era admirável o carinho e o cuidado que eles tinham um para com outro.
Meu irmão e meu tio não desgrudaram deles, como verdadeiros guarda-costas.
E eu...
Saí em busca de minhas aventuras, apesar da conversa agradável eu queria mesmo era um par de olhos castanho que tinha visto na cidade mais cedo.
A noite foi maravilhosa, o show esplêndido, e história escrita para toda eternidade.
A primeira música que ouvi dos jovens me arrepiou de alegria, pois a jovem que estava comigo naquela noite foi conquistada pelo meu olhar, olhar este que a letra da música retratava como dúvidas. A segunda música fez os amantes se abraçarem ainda mais forte.
A primeira música era intitulada “Aqueles Olhos” e a segunda “É por você que Canto”, ironia do destino mas fato real de uma tarde de sábado, a dupla de jovens era nada mais e nada menos, que “Leandro e Leonardo”, que veio a estourar e a apaixonar todo mundo com sua simplicidade e talento.
Foi um tapinha no ombro de um ninguém de ontem que construiu sua história, e ficou uma marca em sua lembrança, pois durante uma entrevista em que uma famosa entrevistadora perguntou se havia alguma cidade que eles não voltariam mais para shows, Leonardo revelou que eles são profissionais e iriam a todas cidades que os contratassem, porém em uma cidade que acordaram seu irmão e os expulsaram da casa literalmente para receber um político, aquele episódio deixou uma marca profunda nele, não pela população, mas pelo jeito que eles foram tratados pelo contratante.
Os políticos? ...
Curiosidade mata... E isso deixarei em segredo, pois só as pessoas que viveram na época tem o conhecimento.
Leonardo está aí, forte, famoso e humilde como sempre.
Leandro que foi acordado no dia, deixou seu exemplo de superação, sua voz, sua história e a imensa saudade de seus fã.
E os políticos daquela época?
Nem sei, acho que se perderam no tempo.
Leandro Campos Alves.
Curiosidade de Liberdade Minas Gerais.
Cronica registro no EDA
Livro Revelações. 2017
Leia mais: Meus Poemas
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