FÁBULA REAL II
Havia um porco espinho
Com sua cara fechada
Nunca permitia a ninguém
Se aproximar.
Talvez medo, rancor... Quem sabe?
Este porco espinho, tinha,
Amarrado em um de seus espinhos
Um balão
Que ficava lá em cima, flutuante
Cheio de ar e de si
Sentindo-se sempre superior aos outros
A tudo e a todos
Inclusive ao pobre porco espinho
Mas o porco espinho coitado,
Era cego demais para perceber isso
Ou talvez precisasse disso
Pra se esconder, pra camuflar sua insignificância,
Sua incompetência e seu verdadeiro eu.
E bailavam num caminhar conjunto...
O porco espinho caminhava e o balão o seguia
Mas o vento também determinava o comando
Mas o balão sempre olhando de cima
Tudo e todos
Um belo dia apareceu uma andorinha.
O balão ficou furioso, pois até então
só ele estava no alto e só ele poderia ficar lá.
Fizeram então um acordo: porco espinho e balão....
Porco espinho chamou a amiga andorinha
Para conversar e chegou próximo demais
Acabou por machucar suas frágeis asas
A andorinha não poderia voar, pensou o balão.
E saiu rindo, feliz e satisfeito junto com o porco espinho.
Seu plano havia dado certo.
Dias depois, caminhando por aí
Eles encontram a mesma andorinha,
recuperada voando por ali
e os avistou.
Percebendo a malícia dos dois
Não se aproximou mais do porco espinho
O balão se inflou ainda mais de ódio,
não podia admitir que outra pessoa voasse
Ou pior, que voasse ainda mais e melhor que ele.
A andorinha percebendo sua ira,
Começou a questionar
O que eu te fiz de mal?
Mas o balão não respondia
Não queria admitir que não aceitava
Só ele poderia olhar lá de cima
Só ele poderia ter aquele olhar,
Ser daquele jeito
Alimentando assim seu ego de superioridade.
O balão respondeu com muita arrogância
Quem você pensa que é para estar onde estou,
Ver de onde eu vejo e ainda ser livre, voando para onde quiser?
A andorinha constando a maldade voou para bem longe
Pra que se contaminar com seres frágeis não é?
O que é ruim se destrói sozinho.
Isso deixou o balão ainda mais nervoso e se infando cada vez mais.
E o porco espinho com medo, de perder a proteção do balão.
E o balão inflou com seu ódio
Por não poder voar como a andorinha
Inflou, inflou, inflou.... até que boom!!
Estoura, caem-se os pedaços no chão.
E o porco espinho, sentindo o sol queimando suas costas.
Covardemente corre pra se proteger,
Procura uma toca e só sai a noite.
Enquanto isso a andorinha,
Ainda sente um pouco a dor do espinho em sua asa,
Mas a sua liberdade de voar para onde quiser
E seu desejo de expandir seus horizontes é maior que sua dor
Ficam as cicatrizes, mas a ferida passa.
E no fim das contas,
A andorinha estava certa
O que é ruim realmente,
Um dia se destrói sozinho.
10/05/2020
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