Alento
Se eu tivesse com quem conversar
Discorreria sobre os muitos medos
E as inúmeras dúvidas que povoam meus pensamentos
E partilharia as mais inesperadas convicções
Que carrego na mente e no coração
Figurando como alicerces para me manter de pé.
Se eu tivesse quem de fato me pudesse ouvir
Então, eu rasgaria minha alma
E detalharia cada sentimento vivido e sonhado
De forma que não restaria em mim uma só letra oculta
Que expressasse o meu legítimo ser.
Se eu tivesse quem caminhasse comigo
Andaria nos passos alegres e esperançosos
Da minha infância tão distante
Que provoca tristeza e saudades ao retornar a mente
Lembranças que só questionam minha inteligência
E me fazem desacreditar nas minhas crenças.
Dias que se repetem sem jamais se igualarem
E me arrastam como incapaz de conduzir o próprio rumo
E a história se faz!
E a gente acha que a faz bem.
E quando se analisa o roteiro
E percebe que deveria ser diferente
Não há espaço para observação
Nem rasuras será possível fazer.
Não tem como reescrever e o tempo
Lhe rouba o direito de voltar atrás
E os sonhos morrem... mas não podemos enterrá-los.
Somos obrigados a arrastá-los por onde for.
E machucam, atormentam e instigam a admitir
A pequenez disfarçada em figura altruísta
Que ostentamos como couraça de proteção.
Mas, se eu tivesse o direito de saber
O que sei desde o início da caminhada
Eu não seria a dona do meu próprio caminho
Mas não o percorreria tão solitária e inerte como fiz.
Ah...
Se eu tivesse como saber o que viveria
Hoje, a vida assim não seria!
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