Capitulação
Tensão, adrenalina... O momento era de alto risco. De repente um disparo. Paulo ouviu. Deitado atrás de um arbusto sentiu seu coração palpitar acelerado, olhou pro lado e viu Roberto em pé, atrás de uma árvore, cair ao chão. Eles dois eram os últimos combatentes sobreviventes.
Paulo viu quando cada um de seus companheiros foi atingido. Agora, sabendo-se sozinho, olhou ao seu redor e não viu alma vivente. Tirou da algibeira um amuleto, beijou, apertou ele entre os dedos e colocou de volta no bolso superior esquerdo da gandola, colado ao peito. Neste momento, o canto de um bem-te-vi deu vida ao silêncio fúnebre, porém Paulo interpretou aquele ruído harmonioso como prenúncio supersticioso de mau agouro - fui descoberto, pensou, e suou frio.
Precisava sair daquele esconderijo o quanto antes, no entanto não fazia ideia de qual direção deveria tomar: 30 metros às suas costas havia um paredão intransponível; pelo lado direito, por onde vieram, Roberto fora atingido em meio às árvores do bosque; do lado esquerdo, 50 metros adiante passava um riacho, mas o terreno em volta era completamente pantanoso; à frente estava todo o pelotão inimigo à espreita.
Contrariado Paulo sacou do lenço branco, amarrou uma das pontas no cano do seu rifle, empunhou a arma na vertical, segurou firme e, com o vento fazendo tremular o tecido, saiu caminhando de cabeça erguida, como se estivesse marchando. O grupamento inimigo reuniu-se à sua volta disparando para o alto o que lhes restou de munição.
Depois da capitulação Paulo dobrou a aposta, porque quer uma revanche.
Vencedores e vencidos comemoraram o desfecho juntos, numa choperia.
O combate da desforra já tem dia e hora marcados no Barra Paintball Park.
Aguarde.
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