Feiras livres, que de ti, recordo!
Feiras livres, das hortaliças, frutas e verduras. Seus recantos aromados com o cheiro do coentro, da cebolinha, do alho, e dos temperos picantes, ver-se ainda as proezas dos meninos, que busca as barracas dos famosos bois e bonecos de barro, que farão parte da sua fazenda, construída no oitão de casa nos momentos de brincadeiras, dos carrinhos de latas, rodinhas de madeira, adesivos e os fechos de molas, os acessórios bem trabalhados pelo feirante precavido a solicitação do seu cliente, mas detalhista.
Feiras livres já nas madrugadas se mobilizam, passos e motores são ouvidos, pessoas de um lado para o outro a manifestarem! Feirantes e compradores chegam a todo instantes, em caminhões, caminhonetas, motocicletas, bicicletas e carroças à tração animal. À vista, carregadores com seus carrinhos de mãos a postos, à espera do cliente que logo cedo, sua feira vem fazer! Sitiantes madrugam, pois têm eles, que fazerem suas compras da semana e voltarem para casa antes do anoitecer e, assim, vai-se o dia!
Feiras livres, as lembranças saudosas, que nos reportam ao interior nordestino, e lá, parávamos para saborearmos cedinho; antes das compras, o pão doce com o caldo de cana geladinho, com visitas as barraquinhas de rapadura, doce de leite, doce de goiaba, aos gostosos doces em barra de variados sabores, o queijo de coalho e de manteiga que não podem faltar para sobremesa do nordestino, e como não lembrar as guloseimas, os pirulitos, cocadas e o algodão doce; que fazem a festa da criançada, impossível!
Feiras livres, de iguarias saborosas, do café da manhã regado ao cuscuz de milho com leite, da carne de bode cozida, da carne de sol com macaxeira banhada à manteiga de garrafa. Nas barracas, ver panelas prontas para o almoço, com o sarapatel, a buchada de bode, a carne gordurosa do porco, a feijoada com seus ingredientes apetitosos que os fazem suar, como também, o toucinho que acompanha o aperitivo do feirante e de nós clientes apreciadores de uma boa comida, tipicamente sertaneja.
Feiras livres, ponto da boa conversa, do encontro com os amigos, do jogo do bicho, do baralho, do bilhar, dos jogos de dados, entretenimentos para o cliente assíduo das jogatinas e dos feirantes na madrugada à espera do amanhecer, para seus produtos venderem! Ao redor, os bares que de tudo oferecem, a cerveja gelada, a cachaça de raiz de pau e de cabeça, que esquenta os miolos nas noites frias, com o acompanhamento de saborosos tira-gostos, bem regional, fazendo assim, a alegria da rapaziada!
Feiras livres, dos rolos, das trocas, do relógio de parede, do relógio de pulso aos olhares atentos dos compradores que observam cautelosos o compasso dos digitais e do caminhar dos ponteiros no marcar das horas! Quase sempre, as atrações são os rádios de pilhas, ou a bateria, com carregadores, que não pode faltar na casa do homem simples da cidade. Também, encontramos diversos equipamentos eletrônicos que são oferecidos por aquelas pessoas que conhecemos como muambeiro, ou seja, o esperto!
Feiras livres, da enxada, do facão, da bainha, da peixeira, da lima que afia seus fios, do penico e da bacia de Agatha, do bule e da xícara para tomar seu café, do rolo de fumo, do cigarro "falciê", da corda, do arame que o agricultor precisa! Feira livre da famosa sandália "xô boi", para lida do dia a dia, da botina do couro curtido, do gibão, da perneira e da espora, do traje que o vaqueiro, lá vai comprar. Da sela, do cabresto, do arreio para o cavalo, que o seu dono vai precisar, de tudo na feira tem pra comprar!
Feiras livres, que embeleza as donzelas, que oferta o perfume, que maquia os rostos queimados do sol, com "rouge" carmim, do bronzeador barato da tinta Bigem que o cabelo tintura! Das sandálias rasteirinhas, do carretel colorido, de linhas e agulhas para tecidos costurar, da saia, da anágua, das peças íntimas que do algodão fabricou. Camisolas, casacos, roupas de chita para o matuto não andar nu. Roupa de noiva para emprestar, com o paletó acompanhar, na gravata vem o nó pra ninguém se enrolar.
Feiras livres para o gado, o chocalho na barraca a balançar, a ração à compra é certa e o remédio pra sua praga curar! Peixe elétrico, suas pomadas a propagar, para dores do espinhaço o idoso vai comprar. O jornal a embalar o pescado na balança, a manteiga no latão; vendida no quilo tem, o mantimento pro mês; no armazém também compra. O cliente não esquece a farinha, a charque e o feijão, a mistura que não falta na mesa da multidão, são alimentos perfeitos na hora da precisão.
Feiras livres têm beiju, tapioca logo cedo, bem quentinhos e saborosos, com café e a macaxeira. Tem bolachas de canelas, tem os sequilhos famosos. Lá, tem suspiros da clara, do ovo que o povo gosta que derrete bem na boca, chegado, veio da roça! O bolo, lá também tem, da mandioca à farinha. O cheiro do candeeiro, o querosene alumia. Água que sai da quartinha, de barro bem geladinha, logo a barriga ela esfria. Na cozinha o povo espia o fritar da cabritinha, na banha a fumaça sobe, salgado a salmoura eu via.
Feiras livres têm inhame, batata doce em sortimento, banana comprida tem, na palma no carbureto, banana de todo tipo, laranja lima se via, o feirante promovia, dona de casa ouvia o gritar, toda folia! Nas bancas bem aparentes carne de boi e de porco, costela para o assado, para guisar a galinha, também se oferecia o tatu, preá e paca que o caçador trazia. O salame bem à vista, outra opção pra comprar, como também a sardinha, enlatada na conserva no balcão a ofertar!
Feiras livres, também tinham, naquela época vendia, espingarda e o bornal com a pólvora para caça!O chumbinho se via exposto, em local bem protegido, tradição do sertanejo a caça saborear! Tinha também tamborete, o armário pra cozinha, o pintinho vinha pintado da cor que você queria, atração da criançada que a mamãe ela pedia. Na barraca do chinês não faltava o pastel, o recheio nele não via, só o sabor que subia, mesmo assim a clientela, fazia fila e pedia!
Feiras livres que se prezam, não faltam o som nas alturas, das cornetas se escutam as mensagens bem dinâmicas, músicas que se oferecem aos feirantes todo dia, propaganda, todos ouvem, das lojas que são vizinhas oferecendo de tudo, do locutor se ouvia, o forró e a boemia o xote de Luiz tinha! Alguns até se arriscam, a toadas conhecidas de Vavá e Marcolino tomando cerveja fria, tem o bebo com a cachaça com seu umbu para tira, com seu carrinho pra carrego, trabalhar bem que queria.
Feiras livres da peneira de palha do pote de barro e do ralador de milho, do milho assado e cozido, da pamonha e da canjica, pedida certa para a dona de casa, do bolo preparado ali mesmo, agradando ao paladar mais apurado e deliciado com o cafezinho na mesa do típico sertanejo, herança de gerações! Encontramos também, o frango de granja e a galinha de capoeira com seus ovos de cascas grossas e escuras, predominando a espécie, bem vendidos no comércio.
Feiras livres em que narramos à importância do homem forte do campo, do produtor, do agricultor, do sitiante que planta e abastece a mesa da população, que madruga e não se cansa, pois o amor pela terra, eleva sua alto estima quando ver na semente que plantou, o nascer da plantação e seu sustento garantido, levando para casa a satisfação de mais um dia positivo na labuta! Assim, com saudade, recordamos as diversificadas feiras livres do nosso querido Brasil, patrimônio do nordestino, raiz.
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