Sou pássaro, liberdade, sou ser vida!
Nesta vida, sou passarinho! Solto e livre, que canta e voa quando bem quer voar. Não tenho gaiola, sou livre feito o ar, que bate as minhas asas, permitindo-me levitar. Assim vou eu, vivendo a vida a cantarolar, sempre feliz, por poder cantar.
Da vida, nada a reclamar! Nasci para expressar à natureza que o meu canto é de liberdade. Minhas asas protegem-me do frio e me levam para longe da tristeza, deixando-me nos galhos das árvores a me balançar, curtindo o ventinho a me refrescar.
Sou passarinho, sou Curió, sou Andorinha, sou Sabiá, não importa! Sou criatura de Deus, feliz e sempre a cantar. No ar sou amigo, sou Pombo-correio, sou Águia arisca, sou a Cegonha que trago no bico outra vida, sou Mergulhão que de longe avista o peixe no mar, sou a Gaivota companheira, a lhe guiar. Sou tudo isso, feliz a cantar!
De Deus, herdei a imagem do Espírito Santo, do céu, eis o meu filho amado, sou Pombo que vivo a beliscar as migalhas que deixam a cair pelas ruas e, das telhas fiz abrigo em Teu templo, vendo o altar em que Teu corpo está, e nós a Te adorar! Pelo Teu amor sou passarinho, sou vida.
Minha sina é ser feliz, é alegrar sua vida através do meu canto, é repetir tua voz, ecoando o teu canto. Sou aquarela de cores que encanta olhares, que narro os teus hinos com assobios delirantes sem maestro e sem batuta, sou simples, sou natural, sou Papagaio. Sou passarinho, sou animal, eu sou do pirata, da perna de pau.
Com liberdade sigo a vida, como um riacho que segue seu rumo, ultrapassando barreiras de ventanias e trovões. Sou forte como os Falcões que buscam na caça a sobrevivência. Sou passarinho que campeia no germinar das florestas, que canto meu canto triste, sou Urutau, sou Coruja, sou passarinho do luar, sou o ramo no bico da Pomba que vim à terra mostrar.
De mim, o que sei? Nasci branco, hoje mudei minha plumagem. Cresci, estou preto. Não sou diferente, mas discriminado e apedrejado por muitos. Sobrevivo dos dejetos desprezados por seres, que se dizem humanos. Apesar da aparência, sou pacífico. Também sou criatura de Deus. Para minha felicidade, sou Urubu!
Na copa de uma árvore busco abrigo! Sou o Canário Belga, sou cantador, com um andarilho Pardal, disputo o espaço na casa do operário João de Barro. Faremos a festa com a força do nosso canto no entardecer na mata. E, assim, em nosso ritmo, aguardaremos pacientemente o anoitecer, para o descanso merecido, depois de mais um dia de labuta!
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