Água que salva e dá vida, bem sagrado!
Senti muitas vezes o cheiro da terra molhada, das poucas chuvas que caiam no Sertão, sinal de vida, sinal de Deus para quem já não tinha mais esperança pela própria vida. Vida de sol a sol, dedicada a muitas vidas, destruídas porque à chuva que é vida, não vinha como deveria vir. Vida sem força, vida triste, vida parada, vida sacada pela maldade de alguém. Vida sofrida, rostos enrugados e mãos calejadas pela lida com a enxada cega sem vida, em ferrugem!
Água, sinal de Sertão feliz, pássaros cantam em sintonia. Sapos saem de suas tocas, orquestrando sons cadenciados. O umbuzeiro flora e seus frutos de vez amadurecem. O verde logo desponta, embelezando a paisagem, dando vida às vidas sofridas ressecadas pelo sol, que escalda o seu solo.
Águas que caem, enchendo os barreiros que sangram, que descem rumo aos rios, que irão matar a sede de quem tem sede. Água que refresca o suor de quem trabalha em busca de sustento e sobrevida de vida. Água que hidrata a vida do corpo, que vai levando sua própria vida. Vida humana que se torna desumana quando água falta, tirando a vida não hidratada!
Água bem sagrado, degradada pelo ser que dela precisa, Águas que alimentam vidas maltratadas e que delas necessitam. Sertanejos, também, é Sertão que seca, que pede água aos santos, que rezam e fazem romaria em busca da vida, que é água. Desperdícios de muitos, sem senso, sem vida futura!
Águas que hoje jorram rumo à escassez do amanhã, de grandes lagoas e rios, a pântanos sem vida, sem habitar, restrita a alguns que dela, há exploram. Ao mar que virará Sertão, que conselheiro narrava e profetizava. Assim, sem água, sem vida, sem nós!
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