A força do desejo.
Uma boca redonda, morena e carnuda, foi a que apareceu primeiro. Repleta de androgênio ela chegou levemente aberta, como quem nada quer, visivelmente dissimulando que andava distraída.
Não demorou e outra, carregada de estrogênio, aproximou-se. Em formato de coração, esta era pequena e tinha os lábios levemente rosados. Dona de um charme irresistível ela sabia que estava sendo desejada. Tímida, porém cheia de dignidade, achegou-se completamente seduzida e, encantadoramente comprimia, com a ponta dos dentes, o lábio inferior.
A boca redonda, convencida, achou que decifrou aquela leve mordida, pensou: o coração já se entregou, por isso, avizinhou-se audaciosa ignorando todos os sinais vermelhos. Grande e poderosa abeirou-se afoita imaginando que era quem provocava a atração; a outra, a que esperou calada, sabia que era ela quem exercia a tentação.
A morena, apesar do afã agiu com delicadeza para com a sua enamorada. Beijou-a no canto esquerdo, em seguida o direito, tocou seus lábios ardentes tão suavemente sobre os dela que mais parecia cumprir um ritual. A pequena recebeu o carinho com doçura e, por ser uma dama distinta, fez questão de mostrar certa compostura.
A carnuda afastou-se depois de tão suaves beijos e ficou imóvel a cortejar a sua amada rosada; decidida, esta aproveitou o momento, inclinou-se sobre a boca redonda e roçou a ponta da sua língua bem na linha de encontro dos lábios morenos. Foi movendo o órgão na horizontal, de um lado para o outro delicadamente, que, por fim, a boca redonda, vencida, abriu-se acolhedora; a pequena com formato de coração, imediatamente adentrou a sua língua por entre os lábios morenos e lá se acomodou.
A boca carnuda gostou dessa atitude audaciosa, no entanto decidiu virar o jogo; não de imediato, com cautela e sem precipitação. Experiente aceitou de bom grado a língua invasora, roçou a sua naquela, ambas se enroscaram libidinosamente e assim permaneceram, por minutos sem fim. No auge do enlevo, ela resolveu que era chegada a hora de dar as cartas e distendeu a sua língua volumosa.
A rosada, pequena e conciliadora, recolheu-se em atenção e sujeitou-se a outra, cujo órgão espaçoso preencheu completamente a sua boca; definitivamente, ela não estava de inocente nesse idílio amoroso, sabia ser menor do que a sua amada carnuda, mas não se intimidou, pelo contrário, tamanha língua era parte do seu fetiche, e por isso, aconchegou aquele órgão com volúpia.
Enquanto as línguas faziam a festa, os lábios se acariciavam. Às vezes, eram os redondos que abocanhavam os rosados com afeto, noutras eram estes que mordiscavam os lábios daqueles buscando retribuir o benquerer. Na inocente concorrência pra causar maior deleite, quando os pequenos rosados chupavam de um lado, num assalto amoroso, os grossos morenos, cheios de desejo, revidavam pelo outro de modo muito carinhoso.
Este encontro luxurioso das duas bocas que mutuamente se queriam bem demorou algum tempo, os minutos necessários para provocarem uma série de alterações hormonais nos dois corpos atraentes que já se abraçavam ardentes na busca do prazer comum. Acometidas pela paixão, as duas bocas sussurraram juntas duma para outra: amo-te, amo-te, amo-te...
A competição entre elas terminou sem vencedora nem vencida, porque, o objetivo era um só, e conseguiram alcançar juntas, uma cama redonda e acolhedora finalmente abrigou as duas.
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